O texto sobre dois documentários cujo tema era o desastre de Fukushima e as consequências para quem vivia na sua vizinhança, suscitou do Engº José Manuel Pereira uma resposta fundamentada. Embora polémicas as suas opiniões podem e devem suscitar a discussão, sobretudo em relação à questão de se saber quem verdadeiramente está a lucrar com toda uma narrativa mitológica em torno dos benefícios das energias renováveis? Será o clima ou serão uns quantos «empreendedores», que viram nelas a oportunidade de garantirem lucros substanciais?
E ainda outra questão: quem são os beneficiários das ações demagógicas de alguns movimentos ecologistas? Pretendem elas defender o nosso habitat ou satisfazerem os egos e as carteiras dos seus dirigentes?
Com o devido agradecimento ao autor aqui fica o texto em causa:
Vivemos atualmente alguns dramas universais, sendo que um deles é o do crescente consumo energético. As pessoas mais afortunadas continuam sem mudar os seus hábitos consumistas, quando por razões óbvias milhões de pessoas começam a despertar para algum conforto inalienável e legítimo.
Neste contexto as centrais nucleares são o futuro, quer queiramos quer não, mas reconheço que Portugal foi complacente ao permitir a construção das centrais nucleares espanholas junto às fronteiras comuns. Ou seja, enquanto tudo correr bem os espanhóis fruem das vantagens, se correr mal, os portugueses, porque a jusante dos rios e canais de refrigeração, sofrerão as consequências.
O problema energético em Portugal decorre de inúmeros erros e opções, que privilegiando a corrupção e as negociatas, enveredaram por maus caminhos, também com a cumplicidade dos ambientalistas que preferem o protagonismo bacoco do que a solução sustentada do problema.
Subitamente a moda das renováveis, nomeadamente as eólicas e as fotovoltaicas, emerge apenas para servir interesses económicos ocultos, em detrimento da cogeração a fuel ou a gás, seja para industrias ou para distrit heating.
Colocam-se ventoinhas em tudo quanto é sítio, para estarem paradas mais de 50% do tempo, (basta olhar Douro acima) e semeiam-se espelhinhos em campos sem fim, que de eficiência também não chega a 30% do tempo num ano. Entretanto o consumidor paga isto tudo, subsidiando na fatura estas aventuras, e temos a energia mais cara da Europa.
Como bem sabes um simples motor da Sulzer RTL ou da Man, ocupando meia dúzia de m2 produz mais energia que as fotovoltaicas todas juntas (que ocupam umas centenas de campos de futebol, e ainda pode aquecer ou refrigerar uma vila com uma eficiência superior a 70%.
Ou que dizer das turbinas a gás com o tamanho de um contentor de 40 pés, que produz em contínuo (dia e noite, com ou sem vento favorável) o equivalente a centenas de ventoinhas. Até a central de ciclo combinado da Tapada do Outeiro, recente, faz um aproveitamento de energia térmica nulo, aquecendo o Douro eventualmente para as lampreias.
Mas isto é só uma pequena imagem do país que temos. As boas escolhas não dão votos, nem eventualmente geram comissões financeiras ocultas. E volto a citar, tudo isto ante a complacência dos ambientalistas que só aparecem como força de bloqueio às soluções evidente.
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