Há oito anos tive a oportunidade de apreciar ao vivo à competência do maestro Jean-Christophe Spinosi, quando ele trouxe a Lisboa o Ensemble Matheus, que fundara em 1991.
Já o conhecia de alguns projetos a meias com o contratenor Philippe Jarousski, emitidos no canal Mezzo, onde fui acompanhando posteriormente outros projetos.
Surgiu-me, agora, a possibilidade de ver o registo videográfico da ópera «La Pietra del Paragone», que ele conseguiu transformar num enorme êxito da programação do Teatro do Châtelet , em Paris, no ano de 2007.
Criada em 1812, foi a sétima das óperas que Rossini assinou e tem como protagonista o rico Asdrubal, que pretende casar e por isso pondera escolher entre Aspasia, Fulvia e Clarice, apesar de as ver associadas a alguns amigos, que suspeita só o frequentarem movidos pelo interesse.
Para a todos testar, ele finge-se arruinado, o que lhe dá a perceber quem verdadeiramente o estima indiferentemente da riqueza: Clarice e Giocondo. Mas esse é apenas o resumo do que se passa no 1º ato, porque no que se lhe segue, os falsos amigos conspiram para levar ao fracasso a relação entre Asdrubale e Clarice, intrigando a pretexto do interesse de Giocondo na noiva. Mas a sagacidade feminina é suficiente para que todos os entraves ao casamento sejam superados e tudo acabe em festiva alegria.
A produção muito deve à encenação de Giorgio Barberio Corsetti, que veste os personagens e enquadra-os em cenários, que remetem para o início da década de 60, ainda que seja a componente vídeo da autoria de Pierrick Sorin a tornar o projeto visualmente mais atraente.
Por exemplo na primeira cena Asdrubale parece ficar em cima de uma banana gigante, que não engana quanto ao seu significado fálico. E, mais adiante, quando parece ter sido arruinado por um colapso financeiro, surgem ratos gigantes nas ruínas da sua casa de campo. Outra vantagem da tecnologia foi a de facilitar o recurso aos grandes planos dos rostos, possibilitando aos espectadores o acompanhamento das expressões faciais dos diversos cantores.
Num excelente espetáculo brilham a contralto Sonia Prima e François Lis, e sobretudo o maestro Jean-Christophe Spinosi, que dirigiu o Ensemble Matheus para conseguir o que costuma ser regra nos seus desempenhos: uma enérgica alegria, que quase faz esquecer o imenso trabalho subjacente à sua competente direção.
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