Em 1845 a caça ao apóstata estava a revelar-se crescentemente intensa na ilha da Madeira. E, no entanto, quando sete anos antes, o médico e pastor escocês Robert Kalley ali chegara em busca de melhores ares para a mulher acometida de tuberculose, não encontrara qualquer entrave á criação de escolas e dispensários destinados a curar as maleitas dos mais pobres.
Terá sido a progressiva conversão de madeirenses ao presbiterianismo, que fez soar as sinetas de alarme nas autoridades locais decididas a pôr cobro a qualquer ameaça à religião oficial do reino.
Kelley foi aprisionado durante cinco meses sem direito a fiança, recebendo apoios de muitos ingleses ilustres, que se deslocam propositadamente à ilha para o apoiarem. Uma situação que se revelou desconfortável para a casa real, que começou a temer as repercussões da dureza persecutória dos juízes madeirenses contra o súbdito do seu mais antigo aliado externo. O que não se imaginava era como essa sanha antiprotestante estava a fazer germinar a vontade de exílio de uma avsta comunidade de recém-convertidos, facilmente atraídos pela promessa de vida mais fácil nas plantações de açúcar das Caraíbas.
Após a proibição da escravatura começou a faltar mão-de-obra nas colónias inglesas de Antígua, St. Kitts ou Trindade e Tobago. Por isso, em 1846, quando a igreja madeirense mobilizou os crentes para um arremedo de Noite de S. Bartolomeu, mais de duas mil pessoas abandonaram a ilha como forma de se livrarem das agressões e das ameaças de morte.
Está assim explicada a razão para o facto de subsistirem tantos apelidos lusos nas ilhas caribenhas.
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