Um dos mistérios que a História do Cinema comporta tem a ver com a personalidade de John Ford.
Muito embora visto como um conservador, que conseguiu até aproximar-se do ultranacionalismo quando se tratou de apoiar a guerra no Vietname, ele não deixou, porém, de revelar comportamentos contraditórios em diversas ocasiões da sua vida.
Um das mais reconhecidos aconteceu durante o macartismo, quando interveio no sentido de defender companheiros de profissão marginalizados pelos grandes estúdios por causa das suas simpatias comunistas. Ou, quando, em 1940, realizou «As Vinhas da Ira», baseado no romance de Steinbeck, um forte libelo acusatório contra os bancos, que tinham estado na origem da Grande Depressão e depois condenaram a atroz sofrimento os agricultores do Ohio expulsos das suas terras.
O filme que a Cinemateca apresentará esta tarde merece ser visto e revisto, porque apela ao sentido de revolta contra as injustiças suscitadas por um sistema económico, que continua a fomentar tremendas injustiças sem que se lhe veja o merecido fim.
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