Nunca vi tantos filmes de, e com, Jerry Lewis como no verão dos meus quinze anos, quando o Caleidoscópio no Campo Grande promoveu uma retrospetiva com vários títulos da sua filmografia.
Na época costumava rir-me desbragadamente dos gags, quase sempre de inexcedível imaginação, que se multiplicavam em toda a duração desses filmes. Mas veio depois época mais soturna, em que outros valores e preocupações se priorizaram. Quando voltei a ver mais tarde ao universo criativo de Jerry Lewis, mesmo com a chancela de Scorcese, já não consegui encontrar a descontraída fruição de outros tempos.
Neste mês de maio a Cinemateca exibe uma parte muito significativa dessa obra cobrindo-lhe todas as fases: com e sem Dean Martin, realizada por outros ou pelo próprio Lewis, a preto e branco ou a cores, com argumento mais trabalhado ou como mera sucessão de gags.
Esta noite exibe-se «The Bellboy», que ele dirigiu em 1960 e rodou em apenas quatro semanas, porque nenhum outro realizador pareceria capaz de cumprir tal prazo. Trata-se, por isso mesmo, da primeira vez que Lewis assume esse papel.
Temos, pois, uma homenagem ao cinema mudo, com particular estima por Buster Keaton e Stan Laurel, e quase não tem palavras o que facilita a exemplar demonstração do espantoso histrionismo do ator.
Talvez valha a pena revisitar estes filmes como pretexto para irmos à procura de alguma inocência perdida...
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