Na mesma semana em que já desaparecera Laura Antonelli - cuja filmografia tem títulos muito mais interessantes do que o brejeiro «Malizia» por que ficou mais conhecida! - chegou a notícia da morte de Magali Nöel.
Não é tanto pela notícia em si, que aqui a convoco, mas por ela fazer-me retroceder a uma das mais gratas experiências da minha condição de cinéfilo: «Amarcord», o delicioso filme de Fellini sobre a sua infância passada em Rimini, quando o regime de Mussolini estava no seu auge. Com a maravilhosa música de Nino Rota a torna-la encantatória!
Não sei quantas vezes já o vi, mas decerto continuarei a retomá-lo com idêntico prazer nas que ainda o repetirei. E nele a personagem da Gradisca é particularmente importante ao representar a inevitável tentação adolescente pelas mulheres maduras. Ou, noutra perspetiva, a inquietação perante os tempos que passam demasiado depressa e em que os sonhos, tanto tempo alimentados, têm de render-se aos condicionalismos da realidade.
Não é essa a inevitabilidade de crescer?
É por isso, que o filme me foi sempre grato: tendo-o visto pela primeira vez em 1973, apanhou-me exatamente na altura em que, com dezassete anos, me estava a despedir da adolescência e a entrar decisivamente na vida adulta. Revê-lo, mais não é do que, nostalgicamente, voltar por um par de horas, às emoções de um passado distante, mas de que só ficaram as recordações felizes … que as outras há muito as olvidei!
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