Nascida na Coreia do Sul a realizadora Sun Hee Engelsoft decidiu regressar ao país natal para encontrar-se com raparigas como a sua mãe que, grávidas, são forçadas pelas famílias a entregarem os bebés para adoção. Uma situação que a aprovação do aborto legal no ano em curso tenderá a minorar. Até essa altura foram inúmeras as jovens grávidas enviadas para lares distantes de casa para terem secretamente os partos. O da ilha de Juju foi aquele onde a realizadora nasceu e donde partiu para a Dinamarca ao encontro da família, que a adotou. E é aí que encontra raparigas como essa mãe, que se recusa a encontrá-la por ter depois casado e tido uma filha, guardando para si o segredo da sua existência.
Naeyon tem 16 anos, Sujin está nos 17 e, tal como as demais companheiras, estão num sério dilema: educarem esses filhos clandestinos, contra tudo e todos, ou aceitarem a adoção por família endinheirada seja na Coreia do Sul seja noutro qualquer país. Duvidando dos próprios pensamentos, ora se encantam com os filhos recém-nascidos, ora aceitam os argumentos dos familiares mais próximos, apostados em salvarem a reputação da família e verem-se livres de uma criança que a ponha em causa. No caso de Sujin a crueldade do padrasto até vai mais longe: obriga-la a prescindir dos direitos maternais, tornando-se numa autêntica criada doméstica para cuidar da filha como se se tratasse da irmã mais nova.
O filme é o de uma descoberta pessoal, porque vivenciando os tormentos por que passam as raparigas, a realizadora compreende, finalmente, o que terá sentido a progenitora prescindindo dela quando nasceu. Se a sensação de rejeição tanto lhe doera, regressa à Europa com a certeza de que ela não tivera, afinal qualquer possibilidade de agir em contrário.
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