Está disponível nas diversas plataformas o excelente documentário de Paula Moura Pinheiro e Inês Rueff sobre o humanista quinhentista, que muitos reconhecem não merecer a relevância, que outros artistas da sua época auferiram. Daí que esta tenha constituído ótima oportunidade para melhor o conhecermos e divulgarmos, especialmente junto de uma Europa cultural ávida de novas descobertas conquanto sustentadas em fundamentos consistentes. É o que se encontra na vida e obra de Francisco da Holanda, que viveu em Lisboa entre 1517 e 1585, e teve a oportunidade de conhecer alguns dos mais ilustres artistas italianos do seu tempo, quando com eles conviveu numa estadia em Roma que se prolongou por três anos. Não só privou com Parmigianino ou Giambologna, mas também com Miguel Ângelo cuja obra conheceu de muito perto.
Tendo por sucessivos mecenas o arcebispo de Évora, o rei D. João III e a sua viúva, D. Catarina, ver-se-ia dispensado dos favores da corte por D. Sebastião que,, em tudo quanto dele, vamos sabendo, só nos dá razões para considerar um dos piores, senão mesmo o pior, de todos quantos governaram o país nos seus quase nove séculos de História.
Arquiteto, escultor, desenhador, iluminador e pintor, Francisco da Holanda, personificou o homem renascentista, que tudo pretendia conhecer, tão profundamente quanto possível, e prefiguraria a ânsia dos enciclopedistas do século XVIII em se constituírem como universalistas. E o que mais surpreende os especialistas é a vertente ensaísta em que se reflete e concebem as diretrizes para melhor se retratarem quem os pintores tomavam como tema das suas obras. Particularmente um dos seus mais notáveis livros, hoje no espólio de uma importante biblioteca madrilena, denota um vanguardismo desconcertante para quem estuda o artista.
Irrepreensível na construção do documentário, Paula Moura Pinheiro decidiu esconder-se atrás das câmaras e só dar voz a quem interrogou sobre a importância de Francisco da Holanda. Comparecem à prestação de informações, quem o estuda entre nós, em Espanha ou em Itália e existe uma unanimidade plena quanto à justificabilidade desta encomiástica abordagem.
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