Embora não seja apresentado como enquadrando-se na temática dos filmes de terror, «Manhã de Santo António» de João Pedro Rodrigues, pode ser visto como um exemplo da utilização do tema dos mortos vivos no cinema português. É que o comportamento dos atores indicia a influência desse tipo de filmes em que as personagens arrastam-se pelas ruas ao deus dará sem verdadeira consciência do que fazem.
Ao revelar o que o motivara a rodar o filme, o realizador contara como fora passar uma noite de 12 de junho aos bairros populares de Lisboa e vira a alegria estampada nos milhares de jovens, que enchiam as carruagens de metropolitano para ali igualmente se dirigirem. E, em contraponto, a imagem radicalmente oposta quando regressavam a casa no primeiro metro da manhã seguinte, todos em ressaca pelo excesso de álcool e de outras substâncias igualmente inibidoras da sua aparência normal.
Saindo na estação de Alvalade, os quarenta intérpretes (ou figurantes?) vomitam, arrastam os pés, chegam a mergulhar num lago. Só não se põem a morder nos que se tinham privado de idênticas vivências e iniciavam o dia cruzando-se com tal excêntrica multidão.
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