quinta-feira, dezembro 29, 2016

(DIM) «Adivinha quem vem para jantar?» de Stanley Kramer (1967)

Na época em que o filme foi rodado o tema ainda era sulfuroso ou não estivesse ainda por concretizar, por exemplo, o assassinato de Martin Luther King. Mas Hollywood colocava a questão nestes termos: até que ponto um negro pode constituir um genro ideal? E para facilitar a aceitação da América quanto aos casamentos mistos nada melhor do que caucioná-los com dois monstros sagrados como o eram Katharine Hepburn e Spencer Tracy.
A história começa com John Prentice e Joana Drayton a chegarem de mãos dadas a São Francisco num voo proveniente d Havai.
Tinham-se acabado de conhecer e apaixonar, tomando a imediata decisão de se casarem. Daí que ela esteja decidida a apresentar o noivo aos pais, que até constituem um casal de ideias progressistas. Mas John tem ainda assim algumas dúvidas: será que eles são suficientemente abertos para aceitarem um negro como genro?
Curiosamente, apesar das reticências do estúdio para investir num tema tão polémico ele ver-se-ia transformado num enorme êxito de bilheteira e as reticências só viriam do movimento Black Power, que criticaria a Sidney Poitier a imagem demasiado distorcida para se tornar aceitável para os brancos. De facto o que valerá a aprovação a John é a quantidade inverosímil de diplomas para se converter uma versão atualizada do «Pai Tomás».
O filme receberia os óscares pelo melhor argumento e pela melhor atriz (Hepburn), mas Tracy, já muito doente, não assistiria a tal sucesso porque morreria dezassete dias depois de concluída a rodagem.

 

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