segunda-feira, fevereiro 24, 2020

Do infinitamente pequeno ao infinitamente grande: Somos todos africanos e russos


Há cinco anos, quando o Daesh ainda parecia ter força bastante para prosseguir o caos em diversos países do Médio Oriente, milhões de desesperados andavam a bater às portas da Europa, com elas a fecharem-se-lhes ostensivamente numa obscena negação dos valores humanistas, que duas guerras terríveis à escala continental e mundial deveriam ter-lhe suscitado na mais profunda identidade. Por essa altura as Nações Unidas calculavam existir cerca de 51 milhões de pessoas a deslocarem-se dentro das suas fronteiras, ou para fora delas, por motivos económicos ou pela guerra, que lhes ameaçava as vidas. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, que esse número não era atingido. Infelizmente, desde então, todos os anos têm sido caracterizados por superação cada vez mais avantajada desse triste record. No final de 2017 já os cálculos apontavam para 68,5 milhões de pessoas. E a situação tende a agravar-se a tal ponto que o Banco Mundial estima que as alterações climáticas, levarão essa realidade até à dimensão de 143 milhões de pessoas em 2050.
Perante essa situação ganham expressão as teses racistas e xenófobas, que pretendem manter fechado acesso à Europa a sete chaves alegando ser ela o espaço dos seus supostos habitantes etnicamente puros, brancos na cor da pele e avessos a credos que não os relacionados com as tradições judaico-cristãs. Ignoram, e até se põem a odiar, os cientistas que, com provas fundamentadas, demonstram não haver qualquer pureza racial a que se possam ater nos seus repulsivos preconceitos. Esse conceito de pureza racial até se revela um absurdo porque não há ser humano que não tenha no ADN a ligação aos antepassados saídos de África há sessenta mil anos e chegados à Europa há quarenta e cinco mil depois de derivarem algures pelo Médio Oriente.
Kristian Kristiansen, cientista que tem estudado essas origens ancestrais na genética de diversas populações, reconhece que não existem dinamarqueses, suecos ou alemães de gema, porque todos são africanos e russos, devendo-se esta última referência à vaga migratória dos yamnayas, provenientes das estepes da Ásia Central, há cerca de quatro mil e quinhentos anos para possibilitarem aos que viviam então na Europa os avanços  civilizacionais inerentes à domesticação dos cavalos e aos utensílios em bronze.
Quando um qualquer racista vem para as redes sociais diabolizar os refugiados está a contradizer-se com os genes que o definem enquanto pessoa.

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