quarta-feira, fevereiro 05, 2020

Diário das Imagens em Movimento: Quando não há água benta que chegue para tanta presunção


Vi uns quantos filmes de Nicolas Winding Refn e nunca entendi a razão porque alguns críticos lhe avalizam a pretensão. Nem sequer me convenceu quando contou com o Ryan Gosling a servir-lhe de caução para um breve sucesso com o seu «Drive» de 2011.
Arrisquei agora dar alguma atenção a «O Demónio de Néon» e o balanço revelou-se ainda mais deplorável. Passado no ambiente da moda em Los Angeles, arregimenta Elle Fanning como intérprete do papel de Jesse, uma adolescente disposta a singrar naquele ramo graças ao palminho de cara com que se viu contemplada pelos anónimos progenitores.
O sucesso é imediato embora os perigos vão-se-lhe anunciando à medida que sobe até ao topo: no quarto do motel surge-lhe um puma, o dono desse negócio é um provável violador (Keanu Reeves num breve desempenho, que nada acrescenta, e porventura só subtrai, ao que já fez!), uma maquilhadora lésbica e necrófila procura força-la à sua «primeira vez» e o despeito das rivais revelar-se-á enfim fatal.
Refn procura criar uma ambiência toda janota, mas não é David Lynch, ou mesmo Lars van Trier, quem quer! No final conclui-se que nada se aprendeu a não ser quanto à estratégia de um ambicioso de escasso talento em fingir a genialidade de que tão distante se encontra.

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