terça-feira, outubro 29, 2019

Do infinitamente pequeno ao infinitamente grande : Quando ficou comprovada a existência de buracos negros


Hoje não há quem, na comunidade científica, conteste a existência dos buracos negros capazes de absorverem tudo (gases, poeiras, até estrelas!), que lhes passem ao alcance. Mas Einstein negava-lhes a existência não aceitando que a Natureza pudesse incluir tais fenómenos, que se revelam como dos mais misteriosos do Universo e são dos poucos em que a realidade ultrapassa seguramente o que a ficção sobre eles congeminou. E, de facto, não faltam filmes nem romances de ficção científica, que os tomaram como foco das suas histórias.
Invisíveis - porque absorvem toda a luz, que para eles seja atraída - só nos anos 70 começou a congeminar-se a tecnologia necessária para comprovar a sua existência. Foi por essa altura que Rainer Weiss e outros cientistas propuseram a sua deteção através de interferómetros laser capazes de medirem as ondas gravitacionais resultantes da curvatura do espaço-tempo e oriundas das profundezas do espaço cósmico tal qual as descrevera o referido Einstein na Teoria Geral da Relatividade. Viajando à velocidade da luz, essas ondas transportam energia na forma de radiação gravitacional e resultariam da colisão entre objetos maciços.
Os Observatórios de Ondas Gravitacionais por interferómetros laser (LIGO) foram instalados já neste século, um no Estado de Washington e o outro na Louisiana, distando um do outro mais de três mil quilómetros. Rainer Weiss esteve no projeto, que coliderou com Kip Thorne e Ronald Drever. Não tivesse este último falecido nesse mesmo ano e juntar-se-ia aos dois colegas e a Barry Barish, um dos principais investigadores do LIGO, na receção do Nobel da Física de 2017.
Começando a operar em 2010 com o foco nos sistemas binários, onde pudessem detetar-se as esperadas colisões, os Observatórios viveram um momento exaltante em 14 de setembro de 2015, quando a primeira onda gravitacional foi identificada em ambos simultaneamente. Durando menos de um segundo foi como se ouvisse um pequeno bip, que ficou registado nos gráficos continuamente a serem alimentados a partir dos respetivos equipamentos. Seguiram-se semanas de cálculos até que, em fevereiro de 2016, foi anunciado ter-se-tratado do testemunho cósmico de uma colisão entre dois buracos negros a 1,2 mil milhões de anos-luz da Terra e originando um outro com a massa somada dos que lhe tinham estado na génese.
Desde essa primeira observação outras ondas gravitacionais têm vindo a ser rastreadas pelos dois observatórios LIGO. Nesta altura os cientistas tentam compreender que importância têm esses buracos negros no instável equilíbrio do Universo em que vivemos.

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