sábado, outubro 12, 2019

Diário das Imagens em Movimento: «Lucia en el limbo» de Valentina Maurel


Ao longo da nossa experiência de cinéfilos não terão sido poucos os exemplos de filmes, que nos fizeram perder hora e meia, ou mesmo duas horas de vida, quando poderiam contar o pouco que revelam em escasso quarto de hora. É por isso que aprecio as curtas-metragens, seja por constituírem forma condensada de cuidarem de um tema, e servirem, ao mesmo tempo, de balão de ensaio para novos autores cujo talento logo se define, aferindo-se do seu merecimento em chegarem ou não às produções mais ambiciosas.
Este filme de Valentina Maurel, realizadora franco-costarriquenha, encontra todo o cabimento na sua própria experiência aquando da adolescência: em entrevistas ela confessa ter sido um período da sua vida, que detestou, não sendo por isso descabido pressupor a identificação com a protagonista deste filme apresentado na última edição do Festival de Cannes. Nele uma rapariga com bastos motivos para sentir complexos - a começar por a mãe lhe detetar piolhos quando a penteia - vê-se coagida pela melhor amiga a perder a virgindade. Será que ela quer ser a última da turma a  ainda manter intacto o hímen?
Uma festa de sábado à noite parece ser particularmente oportuna para que ocorra o almejado acontecimento, mas o rapaz a quem está disposta a entregar-se revela-se tão inexperiente quanto ela e a hipótese gora-se.
A alternativa pode ser um homem mais velho, cujo sexo recortado nas calças, notara no autocarro, e a quem assedia, seguindo-o até à casa de banho de um bar. Mas escusando-se a problemas maiores ele apenas se masturba na sua frente.
É no desalento de Lucia que o filme se conclui oferecendo uma perspetiva muito pessoal sobre uma idade de transformação na vida das adolescentes. 

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