sexta-feira, dezembro 28, 2018

(DL) O Romance Gráfico: 3ª parte - Jiro Taniguchi, Greg Thompson e Étienne Davodeau


A moda dos romances gráficos e o interesse por eles manifestados nos meios de comunicação, que tinham desprezado tão duradouramente os «livros de quadradinhos», incitaram os editores tradicionais a inclui-los nos seus catálogos, ainda que o género se tenha, então, banalizado. O romance gráfico parece convir particularmente à autobiografia, género em que se registaram os seus maiores sucessos. Abordemos alguns neste e noutros textos ulteriores.
«O Diário do meu pai» de Jiro Taniguchi (1994), é uma reflexão sobre os mistérios infantis, evocados pelo protagonista, Yoichi, que regressa à terra natal, dez anos depois de a ter deixado, para participar no funeral do progenitor. Durante o velório as conversas com familiares e amigos, permitem-lhe compreender melhor a sisudez de um homem, de cujo amor não se apercebera, e assim ficara depois de ter visto partir a mulher para outras alternativas de busca da felicidade.
«Blankets» de Greg Thompson (2003), contava a adolescência do autor numa aldeia conservadora do Wisconsin, sujeita a invernos muito rigorosos e a uma ideologia fundamentalista de matriz cristã, de que ele se dissociava ao optar pela solidão.
«Les Mauvaises Gens» de Étienne Davodeau (2005) passa-se num região católica e operária da França rural. Quando deixam a escola os adolescentes tornam-se operários na fábrica local, conhecendo penosas condições de trabalho. A vida parece cingida ao trabalho, à igreja e à vida familiar, até que alguns veem-se atraídos pela militância sindical. Percorrendo o espaço temporal entre o pós-guerra e a vitória socialista em 1981, a estória aborda o desejo de emancipação coletiva, com as decorrentes dificuldades, limites e esperanças. Evocando as vivências dos pais e de muitos amigos, Davodeau cria um interessante retrato do mundo operário e seus combates, que acaba por ser, igualmente, o das mudanças ocorridas em França durante esse período.

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