Costumo fugir como gato de água fria daquele tipo de filmes de grande orçamento, que servem de pretexto para os adolescentes de idade, e também de imaturidade, ruminarem doses substanciais de pipocas. No entanto, porque convém conhecer outras realidades, que não só as que nos dão conforto, e porque o filme mais oscarizado deste ano levou tanto gente a multiplicar encómios a respeito do seu realizador - Guillermo del Toro - dispus-me a ver um título seu, já com cinco anos, preparando-me para nele reconhecer uma boa surpresa.
Lamentável engano: não vi muitos títulos que desqualificasse como maus no ano que agora finda. Não forçando exageradamente a memória recordo-me de um particularmente mau com Brad Pitt e Angelina Jolie, quando ainda se apresentavam como casal modelo de Hollywood. Mas este «Pacific Rim», consegue ser, ainda assim bem pior.
A estória passa-se num futuro, quando uma brecha no leito do Pacífico permite o acesso a para esta dimensão de uns monstros terríveis, os kaijus, que vão destruindo algumas grandes metrópoles. Ademais um dos cientistas mobilizados para combater a ameaça descobre que tais monstros mais não são que a guarda avançada de um exército colonizador preparado para tomar conta do planeta após a depuração de todos os seus habitantes. A partir dessa ideia, fornecida pelas legendas que antecedem o genérico inicial, acontece o costume: heróis irrepreensíveis, preparados para exorcizarem lutos ou males incuráveis, a entregarem-se sem medo aos combates com os inimigos, havendo outros, arrogantes e incapazes de pensarem no interesse do grupo, a redimirem-se porque se sacrificam em prol de quem haviam menosprezado. Há o amor assolapado de dois protagonistas - heterossexual, entenda-se, que as «modernices» ainda não chegaram a este tipo de chicletes! - e algumas tentativas de gags, pensados para fazer rir os espectadores mais alarves, mas tão mauzinhos, que só os mais idiotas terão arreganhado a dentuça. Os momentos hilariantes acabam por ser involuntários, porque pretendendo ser heroicos, só conseguem ficar-se pelo ridículo.
Dir-se-á que os meios postos à disposição de Toro foram suficientes para darem alguma verosimilhança aos monstros e aos combates. Outros, igualmente complacentes, enfatizarão a abordagem contemporânea dos filmes japoneses dos anos 50, quando «Godzilla» e as suas réplicas assombraram plateias, transidas de medo perante os efeitos nefastos do prometido apocalipse nuclear.
Embora o filme tenha faturado muito mais do que custou fazê-lo, e tenha conseguido algumas críticas positivas, fica como o pior filme que vi neste ano de 2018. Espero que as duas semanas em falta não me deem outra coisa tão indigesta para consumir.
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