Pierre-Auguste Renoir passou os últimos dezasseis invernos da sua vida em Cagnes-sur-mer na costa mediterrânica francesa. Já era pintor de nomeada, com as obras regularmente expostas na Europa e nos Estados Unidos, e encontrara naquela aldeia a tranquilidade pretendida para prosseguir o labor criativo..
Começou por instalar a família na Maison de la Poste, que é hoje o Hôtel de Ville, e habituou-se a passear pelas ruas estreitas da aldeia, encontrando nelas os motivos depois vertidos na tela por puro deleite sem se preocupar com o que ditavam as modas ou os cânones
Em 1907 compra uma propriedade com um denso olival feito de árvores centenárias. É outro motivo de deslumbramento, porque, olhando-as de baixo, vê as ramagens e, sobretudo, as folhas, a criarem interessantes efeitos com a luz do sol a encontrar caminhos por entre elas. Usufrui, igualmente, de vista panorâmica para todo o Cap d’Antibes, o que o leva a acrescentar à mansão oitocentista um vasto edifício adjacente, mais consonante com o estatuto burguês da família, reservando espaço para o seu novo ateliê.
Apesar dos condicionalismos suscitados pela artrite, que lhe dificulta a utilização dos pincéis, trabalha com rapidez obsessiva tomando por modelos as criadas e as crianças. Nos corpos femininos continua a explorar o gosto pelas formas generosas, de acordo com o prazer pela representação da carne humana.
»Les Baigneuses», datado de 1918, é um dos mais expressivos quadros deste período, em que uma das modelos é Andrée Hessling, que se viria a tornar sua nora ao casar com o filho Jean e a incitá-lo a dedicar-se ao cinema, arte de que viria a ser um dos seus mais prestigiados realizadores. É obra de exaltação da beleza feminina, revelada por cinco mulheres, duas em primeiro plano e outras três mais recuadas, que se revelam consonantes com a natureza.
Outros motivos recorrentes da obra deste período final são as mulheres a lavarem roupa à beira do rio, por ele encontradas nos passeios a que, apesar de trôpego, se arriscava para além da propriedade, chegando ao vale do rio Cagnes.
Ajudado por alguns assistentes estreia-se, igualmente, na escultura, apesar de já ter chegado à septuagenária condição...
Seria nesse espaço privilegiado, que pousaria definitivamente o pincel em 3 de dezembro de 1919. Passaram agora noventa e nove anos sobre tal data.
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