Alguns dos envolvidos na realização, na interpretação ou na própria escrita do argumento até são nomes estimáveis do cinema atual, mas o filme sabe a pouco e não se afasta de uma perspetiva estereotipada da realidade cubana, que costuma ser cingida às prostitutas, à vontade de emigrar, à dificuldade de comprar produtos alimentares ou ao misticismo afro-católico. Se a ideia era dar uma imagem positiva da terra de Fidel o resultado é o oposto, justificando-se a pergunta colocada por um crítico quanto ao que faria Ken Loach com tal desafio criativo.
Há um estudante de cinema norte-americano arrastado pelo seu condutor para o lado boémio da noite cubana quase acabando na cama com um travesti. Vemos Kusturica, sempre bêbedo, a cumprir os mínimos como convidado de um festival de cinema e a acabar a noite numa jam session, que comprova o talento musical do seu chofer. Há a escolha difícil de uma cantora, que não sabe se deve aceitar um contrato para atuar em Espanha, ou se seguir o companheiro na fuga para Miami. Elia Suleiman desembarca em Havana para um encontro com Fidel, mas apanha-o a meio de um dos seus intermináveis discursos, aproveitando a espera para olhar a realidade da cidade com o seu olhar sempre espantado. Num sketch sem palavras uma adolescente é surpreendida nos seus afetos sáficos com uma amiga e levada pelos pais a um feiticeiro para ser excisada. Uma psicóloga hospitalar mete um dia de férias para confecionar os bem remunerados bolos destinados a uma cerimónia religiosa, ainda encontrando disponibilidade para comparecer na rubrica televisiva em que dá conselhos comportamentais aos espetadores. E, a acabar, há a tremenda Marta, que «viu» uma santa em sonhos a exigir-lhe a construção de uma fonte na sala de visitas e uma cerimónia de sagração, que envolve todos os vizinhos, convocados para tornarem possível essa exigência divina.
Sobre Havana nos dias de hoje haveria mais a enfatizar, porventura sendo dispensáveis muitos dos aspetos aqui relevados como significativos.
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