Porque em 1922, «Nanook, o Esquimó» constituíra um enorme sucesso cinematográfico, a Paramount decidiu explorar o filão do cinema documental, incumbindo Robert Flaherty de uma nova produção. Razão porque o realizador embarcou com a família e toneladas de equipamentos para o arquipélago da Samoa para, durante mais de um ano, registar imagens dos costumes dos povos locais, ainda que enviesando tanto quanto possível a realidade de então para a tornar mais exótica do que já o era na realidade, porquanto tinham já sofrido a influência «civilizadora» das missões católicas. Se os samoanos surgem nas roupagens tradicionais, sabe-se que, por essa altura, já haviam adotado maioritariamente o vestuário ocidental.
Na versão restaurada, esta tarde a apresentar na Cinemateca, existe banda sonora, acrescentada a posteriori com o inestimável contributo de uma das filhas do realizador que regressou aos locais das filmagens, décadas depois de aí ter vivido a experiência da rodagem, para captar os cantos e os acompanhamentos musicais às danças inseridas no filme.
Com as reservas decorrentes das alterações promovidas por Flaherty, o filme é interessante documento antropológico, podendo-se lamentar que a câmara a cores, de que ele se fizera acompanhar, não tivesse funcionado corretamente, só possibilitando a conhecida versão a preto-e-branco.
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