David Joy poderá ser uma das boas surpresas da literatura norte-americana muito proximamente, se nos ativermos ao sucesso da tradução francesa do seu mais recente romance, «The Weight of this World» e ao impacto, que cada uma das suas obras vai conhecendo no país de origem. Natural da Carolina do Norte natal, ele situa aí o universo ficcional onde cada habitante tem de armazenar um verdadeiro arsenal de armas para se defender e as drogas servem de escape para a falta de expetativas dos jovens, que têm no exército o seu destino natural. Daí que o exame de admissão do serviço militar seja bem mais importante do que os do ensino oficial.
Thad Broom regressa do Afeganistão, profundamente marcado por quanto lá viu e sofreu. No regresso a casa, perto de Ashland, encontra o amigo Aidan a viver com a mãe, April, e, a três, estabelecem uma cumplicidade tanto mais posta à prova quanto encontram uma enorme quantidade de dinheiro junto ao cadáver de um traficante de droga, acidentalmente suicidado com a própria arma.
O que se segue é uma vertigem de violência, com Thad a exacerbar no sangue os traumas trazidos do cenário de guerra, sem que o amigo o consiga travar. A Aidan resta o medo de toda aquela dinâmica destrutiva o conduzir à escuridão. Compreende-se, então, a referência a Scott Fitzgerald, que aparece explicitamente citado: “não há pior momento na vida de um homem, que aquele em que se vê o mundo desabar, e só pode reagir com o olhar vazio.”
Chegado o momento de vingar o amigo Aidan conclui: “diz-se que o sangue acaba sempre por falar, mas pela primeira vez, soube que nem sempre era assim.” Ou será?
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