sábado, dezembro 08, 2018

(AV) A importância de se ser honesto


Certíssima a comparação, que Manuel João Vieira fez na entrevista dada a Teresa Nicolau, comparando muitos dos artistas ou críticos de arte contemporâneos com os membros do clero católico, empenhados, séculos a fio, a justificarem as pinturas das igrejas e catedrais em função das histórias bíblicas, que supostamente narrariam. As obras em causa não valeriam pelo seu conteúdo artístico, mas pelo que lhes estaria subjacente no ato criativo.
É por isso que Vieira considera conservadores os paladinos da arte conceptual, cujo valimento decorre do pretendido pelo artista antes de se dedicar à obra  independentemente do visto por quem se dispõe a apreciá-la. Ela pode assumir tão desconcertantes propostas, que o seu espectador sente a necessidade de se ver confortado com uma qualquer explicação - mesmo que mirabolante! - do que com ela se pretende como alternativa à frustração de nada dela entender.
Muito sincero na forma de se expor, Vieira enaltece a atitude de honestidade do artista para consigo mesmo e a crença de que possa ter algo de genuíno, de único, a oferecer aos outros. E essa é, de facto, a atitude merecedora de devida vénia.

Sem comentários: