Felizmente começam a multiplicar-se os livros sobre Lisboa, estimulando-nos para ver a cidade de outra forma quando a percorremos. Porque, segundo Luís Ribeiro, autor de «Era uma vez Lisboa», basta dar um pontapé numa pedra numa qualquer rua da capital e logo de lá emerge uma estória. Por isso mesmo, para o seu livro recentemente publicado, a dificuldade esteve na escolha, porque o material coligido daria para muito mais do que as 280 páginas desta edição. Segundo o seu autor para, pelo menos outros dez livros de igual dimensão.
O jornalista da «Visão» gosta de lembrar que a cidade é bastante mais antiga do que a própria Roma, porque, quando aqui chegaram, os fenícios encontraram tribos sedentarizadas no sítio onde hoje fica o castelo de São Jorge.
Depois são muitas outras descobertas sobre o passado da cidade. Por exemplo sobre o tráfico de escravos do século XV, quando cada navio a ela aportado trazia entre 100 e 200 «peças» logo comercializadas. E ao qual o Marquês do Pombal poria termo, não por razões humanitárias ou ideológicas, mas meramente economicistas: no século XVIII havia excessivo desemprego no Continente, pelo que o governante cingiu a escravatura às colónias.
Desse tempo subsiste na toponímia a Rua do Poço dos Negros para evocar a vala comum para onde eram atirados os corpos dos escravos mortos e ainda localizada fora das muralhas da cidade.
Outro exemplo interessante terão sido as expressões remanescentes de episódios históricos bem específicos: «a ver navios» terá ficado o general francês Junot, quando aqui chegou e só deu com o rei e a nobreza já embarcada a caminho do Brasil. O que não deixou de lhe permitir umas agradáveis férias nos oito meses, em que aqui viveu «à grande e à francesa» antes de carregar todos os despojos possíveis, seguindo com «armas e bagagens« para além Pirinéus. Mas estes são uma parte ínfima do conteúdo de tudo quanto o livro comporta.
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