Ultimamente tenho tido para os filmes dos irmãos Coen a mesma reação que me têm merecido os mais recentes títulos de Woody Allen: bem construídos, com um conjunto significativo de atores e atrizes conceituados (alguns deles quase cingidos a papéis, que só não são cameos, porque vêm creditados no genérico!), mas incapazes de me entusiasmarem.
Em «Salvé César» há excelentes momentos de cinefilia, mormente quando se incluem cenas de westerns, as coreografias aquáticas de Busby Berkeley, os musicais ou os melodramas, que eram produzidos como pãezinhos pelos estúdios de Hollywood nos anos 50.
Aquela em que uma vedeta apanha a boleia de um submarino soviético ao largo de Santa Mónica também consegue mimetizar o tom épico dos filmes heroicos da Mosfilm, mesmo que não destoe do registo burlesco de todo o filme. Que é uma sucessão de sketches sobre a vida de um diretor de estúdio obrigado a resolver mil e um problemas durante o espaço de um dia: a incompatibilidade de um cowboy cantor com os papéis dramáticos a que o querem obrigar; o rapto do protagonista de um filme bíblico (Clooney em versão estarola); a gravidez de uma atriz particularmente frívola (Scarlett Johansson quase irreconhecível), o assédio das autoras das colunas de mexericos; sem esquecer o convite da Lockheed para mudar de emprego.
Como não concordar com quem viu neste filme uma homenagem falhada à indústria do cinema dos anos 50? Haveria tanto por onde pegar para abordagem séria, não apenas destinada a criar um divertimento para espectadores tontos..
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