Na última vez que estive em Nova Iorque apanhei com uma retrospetiva de James Rosenquist no Guggenheim.
Passara a manhã no MOMA, onde comparecera logo ao abrir das portas para ver em poucas horas o máximo, que o meu olhar pudesse abarcar: Pollock, Picasso, Klimt, Matisse e muitos, muitos mais. Era, obviamente, ter muito mais olhos que barriga, porque em vez de me deter face a cada obra o tempo bastante para verdadeiramente a ver, funcionava o comportamento do guloso a devorar iguarias sem as chegar a apreciar.
Mas havia também a surpresa de subir umas escadas e dar com uma enorme janela envidraçada para o Central Park todo coberto de neve (estava-se em dezembro!). Ou entrar numa sala e surpreender-me com uma enorme coleção de Ingres, pintor sobre o qual pouco mais sabia do que tratar-se de um apreciador de violino (segundo o esquecido Trivial Pursuit). Ou descer à cave e dar com milhares de obras dos povos primitivos do Pacífico.
Significa isto que, atravessando a rua, percorrendo-a até duzentos ou trezentos metros acima ia a perguntar-me se do edifício criado por Frank Lloyd Wright conseguiria ver mais do que a sua espantosa arquitetura. À cautela comecei pela cafetaria para o intervalo do tardio almoço. Depois, foi outro espanto com a longa subida pelo corredor em caracol, desde o rés-do-chão até lá bem ao topo, com obras de um pintor até então desconhecido. James Rosenquist.
Que era pop art não duvidava. Mas bem diferente do que Wharol, andara a fazer. Até porque era evidente a mensagem política inerente a muitas dessas telas enormes. O Vietname e as suas consequências para invasores e invadidos. O consumismo desenfreado de uma sociedade do desperdício.
Nunca mais esqueci o nome do pintor, muito embora ele seja tão poucas vezes referenciado na merecida importância na arte norte-americana do século XX.
Vi-lhe agora o nome nas notícias, porque morreu a semana transata. Triste sina a de quem tem obra bastante para ser lembrado por bem mais do que pela alusão necrológica.
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