É singular que, quando se trata de imaginar o futuro da Humanidade, os escritores são muito mais tentados a imaginar distopias do que Utopias.
Questão de mercado? Aparentemente os potenciais leitores estão bem mais carecidos de fazer a catarse dos seus medos do que deixarem-se embalar por sociedades ideais resultantes das transformações que tenham ajudado a promover no seu dia-a-dia.
Nick Sagan viu vertido para português o segundo volume de uma trilogia dedicada ao que seria a Terra num contexto de quase total extermínio por causa de um poderoso vírus, o Ep Negra e que só contaria com vinte sobreviventes entre os humanos e os clones produzidos num laboratório ultrassofisticado. O título: «Idlewild».
Surgem assim duas fações principais: na Baviera, em Nymphemburgo, existe uma comunidade matriarcal, constituída por duas sobreviventes do cataclismo - Vashti e Champanhe - e seis clones por elas criadas.
No Egito, Isaac prefere viver com os filhos, todos humanos, muito mais sensíveis às variações do flagelo e por isso condenados à ingestão de medicamentos. Para educa-los ele preferiu uma vertente religiosa baseada nos antigos sufis islâmicos.
À parte de uma e outra comunidade vivem Pandora, que é a faz-tudo, que tudo repara e reconstrói, e Halloween, que se ausentara para a solidão norte-americana, depois de matar Mercurio, que enlouquecera e pusera em perigo a sobrevivência da espécie. Acrescenta-se-lhes Malachi, uma espécie de programa de sotware, aparentado com o HAL de «2001, Odisseia no Espaço».
Enquanto leitores vamos acompanhando a deriva narcísica de Penny, uma das «filhas» de Vashti e Champanhe, que não se contentaria com menos do que incondicional idolatria dos demais, nem que fosse à custa da compra dos seus afetos. Como não consegue - bem pelo contrário! - é ela queminstiga Duque, o clone secreto criado por Halloween, a imitarem Mercurio, tentando destruir todos os que ainda sobrevivem à custa de explosões e envenenamentos. Uma vez mais será Halween a fazer o papel de salvador.
Como é típico do desenvolvimento das narrativas vindas da terra do Tio Sam, os maus da fita quase levam a sua avante até que, in extremis, são travados e eliminados. É o que acontece nesta história da autoria do filho de Carl Sagan, que nunca me conseguiu verdadeiramente convencer da sua valia. No género da Ficção Cientifica existem propostas bem mais aliciantes...
Sem comentários:
Enviar um comentário