quarta-feira, julho 27, 2016

(L) Um texto luminoso de Eduardo Lourenço

Os meus amigos mais chegados sabem-me determinado a fazer desta recente entrada na condição sexagenária a oportunidade para ler ou reler alguns dos títulos maiores da literatura mundial, retirando das prateleiras os livros de leitura sempre adiada pela falta de disponibilidade dos anos de múltiplos afazeres profissionais. Mesmo a decisão de manter um afastamento sabático da militância ativa - limitando-a a este esforço de contrariar nas redes sociais a predominância de opiniões de direita! - facilita esse encontro com Proust ou Joyce ou o reencontro com Thomas Mann ou Jorge Luís Borges. Para não falar da intenção de manter sempre Saramago, numa das suas muitas obras, como livro de cabeceira.
Por agora a opção de leitura mais exigente do que os meus bem amados policiais incide sobre a «Viagem à Índia» de Gonçalo M. Tavares, de que comecei por ler o texto luminoso de Eduardo Lourenço para o seu prefácio.
O grande ensaísta considera a Índia como um mito que o Ocidente sempre gosta de revisitar por ser “terra onde a realidade e o sonho se confundem»  e é porta aberta “para uma quietude capaz de nos curar do nosso demoníaco desassossego”. É que hoje vivemos num Ocidente “sem futuro utópico” e com uma sempre glosada “ausência de sentido”.
Eduardo Lourenço elogia na obra de Gonçalo M. Tavares a procura do “paradoxal enigma” da Índia, embora todas as viagens sejam sempre ”um regresso ao passado de onde nunca saímos”.
Por isso “todas as viagens são viagens à Índia” incluindo a deste Bloom transformado num Ulisses do século XXI, que parte de Lisboa em busca da sabedoria e do esquecimento.

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