A exposição temporária que o Museu de Arte Antiga apresenta até meados de setembro, dedicada às obras normalmente escondidas nos seus bastidores, tem todo o interesse por demonstrar que as apresentadas normalmente nas várias salas dos andares superiores poderiam ser perfeitamente substituídas em número e qualidade pelas que estão na reserva. Os números são estes: a exposição permanente comporta cerca de 8 mil obras, ou seja a quinta parte das 40 mil, que integram o património do Museu.
Mas importa igualmente olhar para os catálogos, que acompanham as exposições e permitem descobrir pormenores quase sempre indetetáveis aos olhos do visitante comum. Quem diria, por exemplo, que um quadro com personagens masculinos e femininos aparentemente muito bem comportados a olharem de frente para o pintor ganha logo outra leitura, quando nos detemos no pormenor da mão de um dos cavalheiros a apalpar a perna de uma das senhoras por debaixo da mesa?
Eu que tenho andado distraído quanto à qualidade de tais suportes de apoio às exposições fiquei estimulado a dar-lhes maior importância, tanto mais que trazem normalmente a garantia de qualidade inerente a tudo quanto sai do labor de Anísio Franco.
Se normalmente a Arte antiga não nos interessa tanto quanto a contemporânea pode-nos surpreender bastante com o que nelas não suspeitaríamos encontrar.
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