Pode-se ter visto um filme há dois dias e já nem quase sequer nos lembrarmos da história nele contada? Sim, se ele for o paradigma daquelas produções feitas para adolescentes acéfalos, que se empanturram de pipocas e de coca-cola enquanto as imagens desfilam à sua frente num ecrã onde tudo parece “fantástico” ou “espetacular”!!!
Predispus-me a dar atenção a «Tomorrowland» por conter George Clooney no elenco, que me garantia poder tratar-se de obra asseada. Porém, quando deparei com o símbolo da Disney no genérico e com as imagens iniciais a evocarem o kitsch dos anos 50, concluí tratar-se de um daqueles filmes, que interessam aos distribuidores mais pelas receitas nos seus bares do que pelo dinheiro dos bilhetes em si mesmos. Até porque, tendo em conta a capacidade de fabricar efeitos especiais apenas por meios informáticos uma produção deste tipo acaba por não se revelar tão dispendiosa quanto outrora, onde se teriam de investir verbas chorudas em cenários e estardalhaços pirotécnicos
Temos, então, o confronto entre o engenho humano e a ameaça de distopia provocada por um personagem perverso ao estilo de Mabuse de Fritz Lang, que consegue manipular as consciências com as mensagens subliminares induzidas nas mentes coletivas. Clooney é o misantropo, que vive as frustrações do passado no seu eremitério, mas disposto a dele sair para ajudar uma adolescente rebelde e uma replicante em conflito com o seu Criador a derrubá-lo.
Faltando menos de dois meses para o planeta conhecer o definitivo Apocalipse os três salvam-no mediante a receita do costume: quando tudo parece definitivamente perdido, é quando tudo se recompõe e se salva. Assinale-se, ainda assim, a primazia de dois dos papéis principais caberem a personagens femininos. Algo vai lentamente mudando no cinema mais mainstream.
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