A invenção é atribuída aos mexicanos: o género cinematográfico, que tem produzido tantos filmes nos últimos anos sobre os mercados financeiras e a falta de escrúpulos de quem neles enriquece, passou a ser conhecido como «dollarista».
Seria muito natural que os franceses rodassem um filme sobre Jérôme Kerviel, o corretor da Société Génerale, que dera milhões a ganhar à empresa, mas depois, tomado pelo frenesim de quem se sentia num autêntico casino, lhe causou perdas astronómicas. A tarefa coube a Christophe Barratier, que já conhecera enorme sucesso de bilheteira com «Os Coristas». Cabe-lhe o mérito de dar grande verosimilhança ao ambiente das salas onde se negoceiam as ações, com os escassos contatos entre quem nelas trabalha e a eletrostática dos ecrãs informáticos. Assiste-se à embriaguez causada pelas curvas dos índices e que cria uma sensação de violência permanente entre esses jovens brilhantes, a quem os bónus e as promessas de futuros compensadores os torna particularmente arrogantes.
Como se conhece bem a história, o filme depressa se torna monótono, porque não entusiasmam por aí além os planos dos atores a olharem para os ecrãs. Mas pode-se vê-lo como uma espécie de western em que os corretores avançam por territórios a desbravar, com mortos, catos, vilões e xerifes. E há aquela piada segundo a qual os que trabalham na banca gostam de ver os filmes pornográficos da frente para trás, porque preferem a versão em que é a rapariga a pagar pela relação.
Dentro do género, há decerto filmes mais interessantes como é o caso de «Margin Call» ou «O Lobo de Wall Street».
Sem comentários:
Enviar um comentário