Jonathan Franzen é um dos mais destacados escritores norte-americanos dos nossos dias, apesar de ter-se formado em geologia, e chegando a ser um dos assistentes-investigadores da Universidade de Harvard. Mas, desde 1988, a opção pela literatura tornou-se irreversível, estando publicados em português quatro dos seus principais títulos: «Correções», «Liberdade», «Zona de Desconforto» e «Purity».
Neste último romance a protagonista é uma jovem estudante a contas com um dos problemas mais naturais na sua idade: o custo das propinas, que a endividam. Inquieta-a, igualmente, o sentir-se desconhecedora de si mesma, situação que acredita ultrapassável se conhecer a identidade do progenitor. Algo que a mãe, uma mulher de pose aristocrática, mas sem cheta, se escusa a desvendar.
Porque encontra razões para acreditar que uma associação alternativa sedeada na Bolívia - o Sunshine Project - lhe pode dar essa resposta, ela apresta-se a mudar-se de armas e bagagens para a América Latina. Mas o líder desta é um alemão tão carismático quanto narcisíaco e cujo segredo se revela pífio.
Pip acaba por se ver num mundo marcado pela Guerra Fria e pela queda do muro de Berlim, pelo aquecimento climático, por Julian Assange e pela ambiguidade dos que propagam alertas, com terrorismo e armas nucleares à mistura.
Franzen associa intrigas ao longo de vários períodos históricos e continentes para criar uma narrativa consistente capaz de manter preso o leitor à leitura e rejeitando os propósitos mais inovadores, que definiam a vanguarda como a forma de complicar uma história simples dando-lhe a máxima complexidade. Mas a crítica não se revelou particularmente entusiasmada com tão ambiciosa obra, continuando a preferir-lhe as anteriores do autor.
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