«Suiza» é o primeiro romance de Benédicte Belpois, mas adivinha-se-lhe muita prática da escrita antes de aceder à publicação. Porque entra-se nesta história contada por Tomás na primeira pessoa e há uma consistência rara de encontrar em quem se anuncia caloiro no mundo da escrita. A sucessão de acontecimentos e reflexões, que nos dão a informação de o saber acometido de um cancro incurável nos pulmões é explorada sem pressas nem delongas, porque acerta em cheio no tom para que compreendamos a angústia deste camponês galego - o mais abastado da aldeia! - quando se sabe excluído de tudo quanto vê ser o quotidiano dos mais velhos.
Se virá a poupar-se às dores das artrites, também nunca conhecerá as alegrias de brincar com netos. E por muito que tente esconder aos mais próximos a sua verdadeira condição de doente terminal sabe que o velho Ramon ou a atenta Agustina não se deixarão enganar.
É quando está a conformar-se com o fim próximo, que conhece Suiza, a empregada do bar onde costuma comer umas sanduiches e beber um rioja depois de um dia esforçado nos campos. E acontece-lhe uma paixão assolapada, tão impressiva se lhe tornam os azuis dos olhos ou a pele exageradamente branca da frágil criatura. E o romance passa a ser então uma relação de amor, que sabemos condenada a breve desfecho. Mas não foi Vinicius quem disse que seja a paixão infinita enquanto dure?
Bénédicte Belpois nasceu e cresceu na Argélia, antes de se mudar para o outro lado do Mediterrâneo. A inspiração para este romance decorreu de uma estadia na Galiza, que lhe permitiu captar a rudeza dos comportamentos e o espírito daquele lugar. Regressada a França ali continua a exercer o seu mister principal: o de parteira...
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