Se pensarmos em geografias propiciadoras de uma ambiência sensual dificilmente evocaremos o Vietname como opção imediata. Salvo se tivermos afeição por Marguerite Duras como escritora e evocarmos o romance com que se viu consagrada pelo Prémio Goncourt em 1984: «O Amante».
Foi em Sadec, onde a mãe dirigia a escola comunal de raparigas, que Marguerite nasceu em 1914, quando a Cochinchina era uma colónia para onde o Estado francês empurrava colonos, que lhe pudessem garantir a exploração dos recursos naturais de que a indústria metropolitana estava tão carecida. E essa condição colonial perduraria até 1954, quando o exército francês sofreu humilhante derrota militar e seria substituído pelo arrogante imperialismo norte-americano na parte sul da península. Mas, nessa altura, há muito que a escritora abandonara o território tropical onde vivera a infância e a adolescência.
Aos 15 anos, quando transitava frequentemente entre as duas margens do Mékong, conheceu o jovem chinês, que viria a suscitar-lhe assolapada paixão. Com ele desvendaria os mistérios do amor, sobretudo, quando se mudou para Saigão para prosseguir os estudos secundários e encontrou outro à vontade para a pública relação com um não branco.
Quando veio para a Europa - tinha então 19 anos! - já a relação estiolara. Mas viria a recordá-la meio século depois, conseguindo expressá-la literariamente com tal sucesso, que o romance foi best seller e conheceu pronta adaptação cinematográfica.
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