Que ideia mais estapafúrdia a de criar uma orquestra com jovens músicos curos, cristãos e árabes no Iraque. Mas foi a que se propôs o chefe de orquestra escocês Paul McAlindin, que acaba de publicar em livro a sua experiência infelizmente destruída pela ocupação de Mossul pelo Daesh.
Em «Upbeat» corrobora a mesma sensação colhida por Daniel Barenboim com a sua orquestra, constituída por israelitas e palestinianos, em como a música pode fomentar a coexistência pacífica entre comunidades com confissões e valores diferentes, mas a partilharem o mesmo espaço geográfico.
Não terá sido um projeto isento de perigos muito sérios: apesar da violência, dos atentados e das ruínas à sua volta, os jovens músicos compareciam aos ensaios e desafiavam quem considerava a música clássica um tabu. Por isso quem percorria as ruas com o estojo do violino ou violoncelo arriscava converter-se em alvo de fanáticos. Sobretudo sendo mulheres.
Outra novidade incrível encontrada por McAlindin foi a forma como muitos desses jovens músicos tinham aprendido a sua arte: quase todos por esforço autodidata consultando o youtube.
Em 2011 McAllindin e a sua orquestra ainda atuaram em vários palcos europeus (data de então o desempenho aqui linkado) até ver-se obrigado a abandoná-la por força das circunstâncias da guerra.
«Upbeat» acaba por testemunhar a possibilidade de, também no Iraque, ser possível construir outra realidade.
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