Uma mulher acorda de manhã sem conseguir respirar. As bombas contra a asma não mitigam a sensação do ar não chegar aos pulmões e, inesperado, surge a constatação da morte iminente.
O marido leva-a para o carro, enceta uma frenética corrida até ao hospital. Salvar-se-á? Não se salvará?
Em três canções a estória desenvolve-se desde esse início até à sala de reanimação do hospital e aquela, onde ao lado se desespera na espera. O epílogo já reside no regresso à banalidade inquieta da partilha do espaço caseiro.
O texto é de Tiago Rodrigues, a realização de Tiago Guedes e a interpretação de Gonçalo Waddington e Isabel Abreu. Mas o que torna mais interessante esta curta é a divisão do ecrã em duas metades, uma ocupada pelo homem, a outra pela mulher e os discursos íntimos cruzarem-se, sobreporem-se, ora sendo percetíveis, ora perdendo-se os detalhes nas vozes misturadas.
O resultado é uma das mais interessantes propostas do recente cinema luso em formato reduzido. Há o medo da perda e do tempo a faltar para tudo quanto se quer fazer. Mas há, sobretudo, a incomunicabilidade dos corpos, que as vozes não conseguem aproximar.
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