Andava Leonor Teles na Escola de Cinema, quando rodou «Rhoma Acans» com alguns colegas de curso. Na altura não adivinharia que, passados cinco anos, estaria em Berlim a receber o prémio de melhor curta-metragem do prestigiado Festival com a sua «Balada de um Batráquio», mas poderia pressupor que continuaria a explorar uma temática, que a tornam única na cinematografia portuguesa: a das comunidades ciganas.
Pertencendo a elas pelo lado paterno, interroga-a enquanto esclarece algo de ainda impercetível sobre si mesma.
Em «Rhoma Acans» filma raparigas com quinze, dezasseis anos, que falam dos seus casamentos - passados ou futuros - e o que lhes reserva a vida onde se conformam com a subalternização à vontade patriarcal. Leonor indaga as interlocutoras com a obsessão de se imaginar uma delas se não tivesse contado com uma postura avessa às tradições por parte dos pais.
Já «Balada de um Batráquio» constitui um filme performance sobre as ações da própria Leonor contra as lojas que, para afugentarem os ciganos, colocam sapos de loiça na montra. Entrando nelas a correr, e pegando-lhes nas peças de cerâmica, partia-as mesmo à porta por onde acabava por fugir.
Pela amostra dos dois filmes é extemporânea qualquer previsão quanto ao futuro da jovem autora no cinema português: mas as palavras denunciam-lhe a determinação e a perseverança. Só que, sabendo-se quão exíguas são as verbas atribuídas à Cultura, talvez a vejamos rodar novos filmes, não tão frequentemente quanto gostaria, mas com a imaginação que os tornem gratas surpresas para nós, seus espectadores.
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