segunda-feira, junho 24, 2019

(VOL) Duzentos anos depois o sonho de Bolívar tarda em cumprir-se



Há duzentos anos - andavam os nossos antepassados a trocar as voltas ao invasor napoleónico! - um general percorria a América latina submetida ao colonizador espanhol para promover a sucessiva independência das várias Repúblicas que a viriam a constituir.
Embora idealizasse um subcontinente unido em torno de uma governação utópica, respeitadora das liberdades fundamentais e da igualdade de todos os cidadãos, ameríndios incluídos, Bolivar não conseguiu levar esse intento até à efetiva concretização. Hoje em dia é na Bolívia, sob a direção de Evo Morales, que a realidade mais se aproxima dessa utopia embora as desigualdades entre os muito ricos e os mais pobres sejam evidentes, quando se apanha o teleférico entre La Paz e o Alto, ora sobrevoando-se luxuosas vivendas, ora surgindo as favelas como contraponto quase imediato.
Há sítios onde celebram Bolívar enquanto grande estratega militar. É o que sucede na Colômbia onde os conservadores a tomaram como herói, mas ignoram todos os discursos por ele produzidos sob a influência do Século das Luzes francês e, sobretudo, de quanto resultara da Revolução de 1789. Noutros, como na Venezuela, é a vertente progressista a prevalecer, mas lamente-se a incompetência do chavismo em ter conseguido criar uma República Bolivariana imune aos boicotes e sabotagens dos seus inimigos. Maduro deixou fragilizar demasiado o poder da Revolução instituída pelo antecessor tornando-se imprevisível o momento em que se cumprirá a regra de morrer pelas mãos do inimigo, que antes imprudentemente poupou.
No Chile o governo de direita constata quanto lhe convém transformar a educação num produto mercantil, privatizando a educação apesar da oposição ativa de boa parte da população, que não ignora os objetivos ideológicos subjacentes a tal «Revolução», idealizada e imposta pelos sucessores de Pinochet.
Olhando para a realidade dos maiores países latino-americanos colonizados pelos espanhóis até ao século XIX entende-se quão imperiosa é a urgência em resgatar o projeto político de Bolívar e concretizá-lo nos seus objetivos libertadores e sociais, mesmo que se enfrentem os interesses capitalistas, locais e estrangeiros, responsáveis pelas ditaduras mais odiosas ali estabelecidas ao longo do século transato.

Sem comentários: