quarta-feira, junho 12, 2019

(DL) Saber (ou não) o nome de José Luís Peixoto


Não terá sido um dos seus melhores momentos aquele em que o então primeiro-ministro José Sócrates estava numa conferência com vários participantes, supostamente simpáticos com as suas políticas e , virando-se para José Luís Peixoto, não lhe soube dizer o nome.
Desconheço se incomodou, ou não, o ego do escritor, que sobre o sucedido nada disse (pelo menos que eu o saiba!). Lembrei-me desse incidente quando o vi relatar, em «O Caminho Imperfeito», algumas situações em que se viu travado na rua, no meio de distintas multidões, por quem veio ao seu encontro chamando-o ruidosamente pelo nome. Terá acontecido em Banguecoque com professores de português colocados em Timor e dispostos a com ele entabularem breve conversa, ou com outro compatriota numa estância de férias tailandesa onde se envolvera em negócios imobiliários. Ou nos acessos à feira da Ladra no Campo de Santana quando uma tresloucada se pôs a invetivá-lo por não inserir nos seus livros a denúncia das raparigas raptadas em Portugal para irem prostituir-se em Espanha.
Uma coisa é certa: se o antigo governante não lhe soube dizer o nome, ele foi soletrado com clareza, e em voz bem alta, por quem assim o contactou em tão singulares circunstâncias. O que equivale a considerar que, se ficara transtornado com a indelicadeza do governante, tivera entretanto compensações de sobra nos anos seguintes.

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