Em 2005 a norueguesa Renate Hoel morreu subitamente, aos 34 anos, quando estava medicamentada com psicotrópicos para lhe minimizarem os efeitos da esquizofrenia detetada no final da adolescência.
Três anos depois, quando o luto abrandou, a irmã mais nova, Annete, decidiu investigar as razões para o trágico evento sem imaginar que a missão duraria dez anos e poria em causa a indústria farmacêutica. É que sabe-se que os antipsicóticos têm como efeito secundário a alteração fisiológica do músculo cardíaco, particularmente agravada quando - como acontecia com Renate -, se receita um cocktail desse tipo de medicamentos.
Mesmo enfrentando ameaças explicitas quanto ao que lhe poderia suceder, Annete multiplicou entrevistas e desmascarou os meandros de uma indústria, que corrompe governos através de lobistas infiltrados em todas as instâncias de poder - incluindo as incumbidas de as escrutinar! -, afinal por elas «subsidiadas» na parcela mais significativa dos respetivos orçamentos.
As conclusões são assustadoras: Renate não foi uma infeliz exceção ao sucesso dos tratamentos prescritos com as marcas dos principais laboratórios mundiais. As mortes súbitas, como a que a vitimara, contam-se por dezenas de milhar, apesar de ignoradas pelas autoridades.
Orientadas para a maximização do lucro as empresas farmacêuticas desprezam as consequências da sua ganância, impõem «verdades científicas» que não são validadas por nenhuma entidade independente e surgem escarrapachadas nas principais revistas médicas e científicas para as quais o dinheiro por elas investido na respetiva publicidade insta a nem sequer equacionarem a efetiva falsidade do que publicam. Uma das falácias mais comuns, e desmentidas no périplo de Annete, é o das doenças mentais resultarem de desequilíbrio químico no cérebro, que os medicamentos cuidariam de compensar. Até hoje nenhum estudo sério confirmou tal falsidade.
Ao concluir a investigação, Annete Hoel concluiu, sem margem para dúvidas, que a indústria farmacêutica está-se nas tintas para a saúde dos seus clientes, conquanto encham lautamente os bolsos dos seus acionistas e administradores.
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