Esta noite a Cinemateca apresenta a segunda parte do ciclo de filmes escolhidos pela realizadora e encenadora Christina Jatahy numa sessão, que durará seis horas e na qual se debaterão as razões das suas escolhas.
Começar-se-á por ver o muito elogiado «La Cienaga» da argentina Lucrécia Martel que o realizou em 2002. O tema é o do tédio por que passam as mulheres, que estão de férias ou residem nas redondezas de uma decadente propriedade rural conhecida por La Mandragora. Revoltadas, ora contra a passagem do tempo, que lhes privou os rostos ou os corpos da desejada juventude, ou de terem procriado descendência que as não compensou das frustrações conjugais, acabam por provocar uma explosão violenta à dimensão do que se recalcara intimamente e se liberta como rolha de uma garrafa submetida a elevada pressão.
Segue-se «Inland Empire» de David Lynch, filme de 2006, que ilustra uma história complexa em que realidade e ficção se misturam de tal forma, que uma atriz, Nikki, perde-se no meio de uma história em que não sabe se está a agir como quem é, se como a personagem a que dá corpo. E a frase é tanto mais apropriada quanto a assombra a possibilidade de tudo acabar mal, porque o mesmo conto polaco, que estivera na origem do argumento, já fora adaptado numa versão alemã, que não chegara ao fim, por ter sido cerceada pela morte violenta dos do ator e da atriz, que a protagonizavam. Existirá uma maldição a pender sobre tão estranha estória?
A sessão encaminha-se, pois, para relacionar duas formas possíveis de violência latente e incontrolável.
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