A Cinemateca convidou a encenadora e realizadora brasileira Christiane Jatahy a definir a programação da sala Félix Ribeiro em quatro sessões duplas nas tardes e nas noites desta quinta e sexta-feira, abrindo pelo meio o espaço ao debate sobre as razões das suas escolhas.
A primeira sessão ocorre esta tarde e junta «A Regra do Jogo» de Jean Renoir com «A Festa» do dinamarquês Thomas Vinterberg.
Sobre o filme de 1939, que integrou muitas listas sobre quais as melhores obras da História do Cinema, já quase tudo se disse. Sem protagonistas, já que a nossa atenção é distribuída por oito personagens, somos convidados a deliciarmo-nos com as fugas e os jogos de sedução dos convivas da festa organizada numa mansão senhorial, indiferentes ao facto de, no exterior, toda a Europa andar a preparar-se para a guerra.
«A Festa» data de 1998 e foi um dos títulos fundadores do movimento cinematográfico Dogma 95, que Lars von Trier pretendia tornar canónico quanto a uma nova forma de filmar, mas se estiolou ao ritmo das depressões e manias do seu principal inspirador. A história também tem a ver com um grupo de convivas reunidos numa mansão familiar, mas o pretexto é aqui bem definido: o patriarca da família faz sessenta anos e todos à volta estão comprometidos em celebrá-lo, O pior é começarem a emergir sórdidas revelações, que o definem como asqueroso pedófilo. Ao contrário do filme de Renoir a guerra desencadeia-se aqui no interior do microcosmos, absolutamente indiferente ao que fora dele possa estar a ocorrer.
Começa bem este miniciclo com formas distintas de encarar a criação dos personagens das respetivas narrativas e a respetiva sexualidade.
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