No coração do sul de África encontram-se os vestígios de uma cidade que, em tempos, foi poderosa: o Grande Zimbabwe. Durante centenas de anos uma civilização reinou nessa vasta região planáltica até desaparecer subitamente no século XVI, deixando apenas um enigma: quem teria construído as grandes muralhas cujos vestígios ainda se encontram acessíveis a quem as queira visitar?
Obcecado pela lenda da existência de uma civilização branca e cristã na África mais profunda um explorador alemão, Karl Mauch, procurou-as e encontrou-as em 1871. Seria esta a cidade da famosa rainha do Sabá, que tanto encantou o Rei Salomão?
Mais tarde, em 1929, uma exploradora inglesa, Gertrude Caton– Thompson, liderou uma equipa inteiramente feminina, que comprovou a origem estritamente africana daquelas ruínas, abalando as convicções dos que menosprezavam a capacidade dos povos locais para terem conseguido edificar construções tão imponentes.
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Em 1871, o explorador alemão Karl Mauch andava à procura de uma cidade lendária situada na África mais inacessível. Para trás já tinham ficado seis anos de pobreza, de doença e até de quase morte, em prol da sua inabalável obsessão.
Contrariando todos os que o menosprezavam, Mauch acabou por encontrar grandes muralhas numa grande extensão de território até então quase desconhecido.
Na altura ficou perplexo com as ruínas de uma civilização antiga, diferente de tudo quanto se descobrira até então. Ele até fica convencido de ter conseguido fazer história na Arqueologia ocidental. Não deixava, porém, de constituir um enorme sucesso para um explorador cujo conhecimento de África começara por ser o facultado pelas narrativas bíblicas. Para além da visita da bela rainha, que fora sua breve amante, Salomão alimentara muitas outras lendas, nomeadamente as que tinham a ver com umas riquíssimas minas situadas no continente negro.
Desde então muitos tinham sido os aventureiros decididos à busca das terras de Sabá e das míticas jazidas de ouro. Karl Mauch foi apenas mais um deles, ademais sem meios de riqueza, que lhe permitissem perspectivar algum sucesso para a sua investigação. Professor primário, não conseguira frequentar a universidade, pelo que se dedicara, como autodidacta, a colectar conhecimentos de medicina, de biologia e de geologia e cartografia, que sabia imprescindíveis para a missão a que decidira meter ombros. Uma obsessão, que também o convencera a, ainda antes de partir da Alemanha, praticar diariamente ginástica e correr 10 mil metros. “Endurecer o corpo” era o que sentia urgência em cumprir.
Procurou apoio financeiro do Instituto Geográfico Alemão, mas a resposta fora duramente negativa: aconselhavam-no a deixar esse tipo de projectos aos “profissionais”, ou seja a quem dispunha de riqueza e pertencia aos meios mais favorecidos. Mas convenhamos que a escusa fazia algum sentido: explorar África era demasiado arriscado e dispendioso!
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