Estreou-se no Porto o filme que Manoel Oliveira rodara em 1982 e destinado a só ser visto depois da sua morte.
Quem teve a oportunidade de o conhecer, nomeadamente através de uma sessão semiprivada na Cinemateca em 1993, diz maravilhas - é o caso de Luís Miguel Oliveira no «Público» - mas não me sinto assim tão convencido com tanto encómio.
«Visita ou Memórias e Confissões» tem por leitmotiv a despedida da casa onde viveu quarenta anos e perdida devido à incapacidade do realizador em pagar o empréstimo bancário contraído para remodelar a fábrica familiar antes da Revolução e afinal perdida com a ocupação pelos respetivos trabalhadores.
Diogo Dória e Teresa Madruga dizem um texto de Agustina Bessa Luís, que remete para a ligação entre alguém e um espaço que muito afeto lhe deixa.
Mas é um filme que Oliveira nunca pensou ficar inédito por tanto tempo. A mais de trinta anos de distância é provável que muitas das suas ideias de então tivessem mudado em função de haver entretanto concretizado uma das fases mais criativas da sua obra.
Mais do que uma obra-prima, aposto tratar-se provavelmente de uma curiosidade capaz de acrescentar algo ao que já ajuizámos sobre o realizador… mas sem mais!
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