É a história de um motorista de camião obrigado a levar como passageiras uma mulher e a respetiva filha de cinco meses até Buenos Aires. O resultado é um encontro singular, filmado com pudor, e que impressionou o júri de Cannes em 2011, pois atribuiu-lhe a Câmara de Ouro.
Ruben já estava há trinta anos na profissão e sempre se habituara a grandes silêncios no périplo habitual, entre as capitais paraguaia e argentina. Por isso quando, em Assunção, recebe a ordem para encontrar Jacinta e Anahi e dar-lhes boleia até Buenos Aires, sente grande desconforto. Que transfere para a falta de cortesia com que as trata nas primeiras horas.
Em vez de apaziguador, como quando estava sozinho, o silêncio torna-se tenso, opressivo. Mas, á medida que se vão vencendo os 1400 quilómetros, o muro que parecia separar o condutor das passageiras vai-se fissurar.
Pablo Giordelli assina aqui a primeira longa-metragem, que tem a curiosidade de ser quase inteiramente passada no habitáculo do camião. É dele que se espreita para os campos a perder de vista onde a indolência impele os personagens a um adormecimento mesmo que de olhos abertos.
Lentamente vão emergindo as dores de Rubén e de Jacinta, que abrem espaço para a possibilidade de um amor à partida improvável.
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