Em 2003 o japonês Hirokau Koreeda conseguiu surpreender-nos, e incomodar-nos, com a história de algumas crianças abandonadas pela mãe, com quem viviam, obrigadas a unirem esforços para superarem as dificuldades, cientes de que não poderiam voltar a contar com ela para verem satisfeitas as necessidades básicas de cada dia.
Muito embora pudéssemos duvidar que uma mãe se dispusesse a abandonar assim os filhos para tentar ser feliz numa nova relação amorosa, a verdade é que a história era baseada num caso real.
Doze anos depois Koreeda retoma algumas das questões levantadas pelo filme anterior com este «Our Little Sister», agora apresentado em Cannes no âmbito da competição oficial.
Agora são três irmãs adultas, que vivem juntas e decidem deslocar-se a outra região para comparecerem ao funeral do pai, que as abandonara há mais de uma década para fundar outra família. É assim que conhecem uma meia-irmã, ainda adolescente, por cuja educação se decidem responsabilizar, trazendo-a para a casa familiar.
No «Público», Vasco Câmara lembra que, nos filmes de Koreeda, “o jogo entre crianças e adultos é feito da inversão de papéis, da mesma forma que a comédia é apenas a inversão do drama.”
A presença da adolescente vai possibilitar a revelação das contradições de uma família, que deixara de merecer tal designação, quando o pai saíra de casa e logo fora seguido pela mãe, deixando feridas difíceis de superar.
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