Neste filme grego, datado de 2013, uma mulher fica inconsolável após a perda do cão e torna-se insuportável para os vizinhos cuja vida tenta invadir.
Se o filme fosse mais recente, posterior à vitória do Syriza, poderíamos considerar que estávamos a braços com uma metáfora ao gosto do sr. schäuble: alguém que perdeu algo de inestimável - aqui o seu bicho de estimação, mas podemos sempre vê-lo como a da qualidade de vida, que não se pensa poder recuperar - e se torna extremamente incómodo para quem tem o azar de viver ao lado.
Ao princípio a família de Sofia e de Stathis até começam por lhe dar conforto afetivo. Mas não tarda que Anna, que via nesses vizinhos o símbolo da felicidade, se torne omnipresente e se imiscua no seu dia-a-dia. Fartos dela, esses efémeros amigos, acabam por rejeitá-la.
Temos, assim, um filme que começa por abordar o luto de um animal de estimação, mas depressa evolui para as questões da perda e da reconstrução de si mesmo.
Mas o mais ambígua é a leitura propiciada pelos acontecimentos posteriores, pelo que vê-lo hoje é diferente de o ter feito há dois anos, quando se tornou particularmente digno de atenção pelas interpretações femininas de Kora Karvouni e Maria Skoula, então premiadas no Festival de Karlovy Vary.
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