Ao apreciarmos muitas das manifestações artísticas dos nossos dias somos levados a formular uma pergunta frequente: “mas a arte, agora, é isto?”.
Habituados aos cânones instituídos pelos museus, que não se dedicam à arte contemporânea, ainda levamos muito a sério as estratificações entre pintura, escultura ou o desenho, sem darmos às artes performativas e às novas linguagens suscitadas pelo vídeo e pela informática, o nível de seriedade, que elas reivindicam.
Voltei a ponderar em tudo isso ao ler o longo artigo de Cláudia de Carvalho a respeito de Wasted Rita, a única artista portuguesa convidada por Banksi a integrar a exposição «Dismaland», que é para muitos o grande acontecimento de 2015 no campo das artes visuais.
A artista reconhece que não foi levada a sério durante vários anos, inclusive pelos próprios pais, quanto à exequibilidade do seu projeto de vida. Por isso mesmo a chancela garantida por Banksi e por Vhils, que a convidou igualmente para um projeto de referência exposto na “Underdogs” vieram corresponder a esse ceticismo alheio.
Até pode acontecer que, daqui a um par de anos, ela esteja completamente esquecida, sem ter conseguido ir além da originalidade das obras agora conhecidas, mas o contrário é igualmente viável. Porque, nas artes visuais , torna-se cada vez menos óbvio o que serão os cânones de aceitação de tudo quanto as compõem ou as excluem.
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