Uma vez mais justifica-se recordar a resposta dada por Truffaut a quem o acusava de só emitir críticas positivas, senão mesmo elogiosas, aos filmes sobre os quais escrevia. Ele só investia tempo em pronunciar-se sobre os filmes de que, efetivamente, gostava, porque aos outros, aos maus filmes, limitava-se a ignorá-los.
Se me pusesse nessa posição, «O Excêntrico Mordecai» não mereceria sequer um par de linhas. Mas, porque estiveram envolvidos apreciáveis recursos de produção, nomeadamente ao nível do elenco, podemo-nos interrogar como é possível criar algo de tão indigente e como Johnny Depp não teve a noção de como lhe fica mal a faceta de canastrão.
Se Peter Sellers conseguia fazer-nos rir em comediazinhas sem grande imaginação era porque possuía um talento superlativo, que Depp não tem. O resultado é, assim, uma história completamente idiota com um conjunto de estereótipos - o aristocrata falido, o polícia apaixonado, o russo estalinista, o ricalhaço americano, o criado imprescindível, etc. - apenas capaz de entreter quem vai ao cinema mais pelas pipocas e pela coca-cola do que pelo que se vê no ecrã.
Num ano em que vi excelentes filmes apetece parafrasear o título de uma comédia italiana dos anos 60: como me foi possível chegar a tão baixo patamar?
Se tivesse de escolher o pior filme do ano este ganhava lugar garantido entre os primeiros classificados...
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