Há três anos a Alemanha festejou o tricentenário do nascimento de Frederico II, que, enquanto rei da Prússia, procurou ser um amigo das artes, um grande estratego militar e um déspota iluminado.
Nesse século XVIII a Europa imitava o brilhantismo, que Luís XIV associara à coroa francesa, e os monarcas seus contemporâneos rivalizariam quanto á contratação dos melhores filósofos e compositores da época.
Foi para dar a conhecer a personalidade de tal rei, que Jan Peter rodou uma ficção documental de longa metragem.
«Frederico II, Rei da Prússia» inicia-se em 1763, quando a Guerra dos Sete Anos está a chegar ao fim. Liderando as suas tropas na direção de Berlim, ele passa por Kunersdorf, onde ocorrera uma batalha ali perdida quatro anos antes.
Outrora conhecido pelo seu garbo, o soberano é então um homem fatigado, desencantado, solitário e misantropo, que se entrega às recordações associadas ao pai obcecado pelo rigor e pelas virtudes militares. E que, amiúde, o humilhava.
Apesar do afeto da mãe e da irmã, o jovem Frederico só pensa em fugir. Depois surge outro tipo de encantamento quando, já no serviço militar, encontra Hermann von Katte, um oficial com quem partilha o prazer pela literatura e pela música.
Quando ambos decidem escapar, são capturados e acusados de alta traição. Se Frederico escapa à pena capital, o pai obriga-o a assistir à decapitação do amante.
Doravante o futuro soberano compreende as vantagens da duplicidade para escamotear o feitio efeminado. E, quando chega ao poder manterá essa estratégia pessoal conciliando a intransigência nos campos de batalha com a sensibilidade e a elegância, quando estava nos seus castelos.
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