Tratou-se de uma descoberta perturbadora: há sete mil anos praticava-se o canibalismo na Europa. Pelo menos foi a conclusão da pesquisa arqueológica, a decorrer desde 1996, no sítio neolítico de Herxheim, próximo da fronteira franco-alemã.
Os antropólogos Bruno Boulestin e Andrea Zeeb-Lanz trouxeram à luz do dia os restos de umas quatro ou cinco centenas de indivíduos. Existiam crânios empilhados, ossos que foram cozidos e fémures partidos para deles se extraírem a medula.
Essas pessoas provinham de zonas distantes e cirandavam de um lado para o outro, tornando-se presas fáceis dos que já se tinham sedentarizado.
Muito embora não se excluam razões de sobrevivência, que tenham justificado esse ato terrível, o canibalismo não deixava de obedecer a rituais bastante complexos. Não é possível ainda depreender se os sacrifícios humanos seriam uma forma de alcançar o favorecimento dos deuses.
Esta linha de investigação sobre as práticas de canibalismo dos primeiros europeus é fascinante. Porque teriam esses agricultores de matar os que passavam pelas suas terras se as terras lhes proporcionavam o bastante para se alimentarem? De que região provinham as vítimas do canibalismo? Qual a razão de ser do ritual pelo qual matavam as suas presas?
Pena que as imagens de reconstituição histórica não sejam tão credíveis quanto as conclusões emitidas pelos antropólogos aqui ouvidos. É que estes homens primitivos aparecem demasiado arianizados para que possamos neles acreditar enquanto personagens desse passado em equação...
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