quinta-feira, setembro 02, 2021

Madres Paralelas, Pedro Almodovar, 2021

 

O título mais recente de Pedro Almodovar teve honras de sessão de abertura do Festival de Veneza suscitando reações desencontradas por parte de quem assistiu a essa estreia. Houve quem comentasse terem sido tímidos os aplausos, houve quem afiançasse terem eles demorado mais de dez minutos. O certo é que, depois de cuidar das mães perfeitas, como tinha acontecido com o excelente Tudo sobre a minha mãe, o realizador decidiu abordar as que diz «imperfeitas», porque são mulheres solteiras, uma madura, outra muito jovem, que acabam por partilhar o mesmo quarto da maternidade onde irão ter os respetivos filhos. Uma extasiada com a experiência, a outra intimidada com uma responsabilidade julgada muito além das suas reais capacidades.

Pelo meio Almodovar lança, igualmente, o tema dos desaparecidos da Guerra Civil de Espanha, agora com a geração dos bisnetos a procurarem-lhes os restos mortais. Ao que dizem alguns dos críticos, embora muito pertinente o tema na Espanha atual, ele é metido um bocado à pressão na história como se se tratasse de um outro filme.

Em suma as minhas expetativas relativamente a este Almodovar replicam as dos seus filmes mais recentes: muito abaixo da satisfação conferida pelos que mais me entusiasmaram (Fala com ela e o acima referido), não deixam de ser muito mais interessantes do que a generalidade dos disponíveis nos diversos canais de distribuição disponíveis. Algo parecido com o sucedido com Woody Allen nos anos mais recentes, também ele com qualidade uns furos abaixo dos seus melhores filmes, rodados entre 1977 e 1987, mas sempre proporcionando prazer a quem os continuou a frequentar.


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